
Sem título, 2011_20, óleo e cinza sobre tela, 77×61 cm
A obra de João Jacinto pode ser entendida sob duas condições principais, que se presentificam nos trabalhos que tem desenvolvido no decorrer das últimas três décadas: o acto e o tempo.
Estas duas condições de possibilidade que o artista nos propõe não são imediatamente
reconhecíveis nas suas pinturas, como nos seus desenhos, porque são a essência de um
processo mais complexo que, enquanto artista, procede sob uma metodologia aparentemente aleatória, mas que conhece uma métrica e uma sistematização do fazer sem ficar refém da repetição de modelos apreendidos no labor do trabalho de pintor. As pinturas que podemos observar nesta exposição são exemplares do processo aqui elencado, que não se pretende como um resumo, antes como uma aproximação a essa relação dialéctica entre o acto que o corpo exerce sobre os suportes, as matérias da sua pintura, e uma temporalidade que é exterior ao tempo medido, configurando o acto de pintar como uma anamorfose que se materializa nas pinturas que se transformam em imagens, mas que são também objectos que nos confrontam numa transitoriedade e numa impermanência, corpo a corpo.