Só a meio da noite é que se ouvia o silêncio. Ouviam-se os zumbidos da eletricidade a passar pelas tomadas, o elevador que subia ou descia depois de ser chamado por aqueles que chegam tarde ou partem cedo.

De um momento para o outro, o dia caiu com o chilro dos pássaros a anunciar os primeiros raios de luz; era possível ouvir um alarme tocar repetidamente e ouviu na sua direção o som de passos que se detiveram por cima de si. O alarme deixou de se ouvir. De repente palavras voam sobre ele, numa agitação inesperada: “Deixa-me! Deixa-me dormir, deixa-me dormir,… Puta deixa-me em paz, Puta, Puta vai-te embora. Deixa-me em paz!”, uma outra voz, uma voz feminina respondeu com vigor e autoridade e o silêncio acabou por voltar.