PTEN

Pedro A.H. Paixão, Il pentito, 2018, lápis de cor sobre papel, 103,5 x 75,4 cm

A presente mostra – uma instalação constituída por desenhos e outros materiais, assim como pelo regresso à arte hoje moribunda do retrato – abre um novo ciclo de trabalho na produção de Pedro A.H. Paixão, um desenvolvimento dos seus estudos recentes sobre a África Central e a pintura popular de intervenção política congolesa. Partindo de uma série de documentos familiares e da interrogação sobre o silêncio que eles carregam, o artista apresenta alguns resultados de estudos seus sobre a complexa história que deu lugar ao Estado angolano. Um trabalho através do desenho, concentrado aqui em pensar parte dessa longa e atribulada aurora, desde meados do século XIX, altura em que uma burguesia angolana nascente, que sonhava a independência política, fora esmagada por campanhas de difamação, estratégias mercantis autónomas e ações militares portuguesas. Acontecimentos estes que, ante a quebra do domínio do Brasil e do Oriente, agravaram a conhecida espoliação, também espiritual, ainda em curso, já antes desenvolvida pelo tráfico atlântico e pelas diversas missões cristãs.

Ambientados numa dimensão onírica, que sugere o género film noir americano e o universo secreto da cosa nostra siciliana, os trabalhos apresentados nesta instalação reportam-nos à intensidade arrebatadora, mas hoje adormecida, que dominou aquela demorada aurora.

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